Gaslighting é considerado um abuso “invisível”. Isso porque a vítima quase nunca tem consciência de estar sendo abusada. Ou pelo menos, não como se entende geralmente o termo, já que não há uma agressão clara.
Mas sim, a agressão existe, acontece muito e vem disfarçada de ações que podem camuflar a perversidade da manipulação. Ele não deixa marcas físicas, sendo, portanto, difícil de ser analisado e penalizado.
A melhor definição seria de uma manipulação sutil, na qual o abusador enfraquece a autoestima, o amor próprio e a confiança da vítima (pode ser o homem ou a mulher), fazendo com que ela se coloque cada vez mais submissa, dependente e, se anule a tal ponto que, ela não consegue ter a clareza destes atos perversos, o que coloca em dúvida suas próprias emoções e seus medos.
Mais comum do que se imagina, é uma prática devastadora na qual, na cabeça da vítima, o abuso não está acontecendo, e ela acaba achando que ela é realmente culpada. Em grande parte das situações, ela deixa de ter voz, pois é menosprezada em seus pontos de vista, chegando até a se fechar de tal forma que vai se anulando cada vez mais. A dificuldade em identificar ou denunciar este tipo de abuso psicológico está exatamente no fato de que, o agressor usa de estratégias perversas para fazer com que a vítima tenha dúvidas sobre os fatos e acredite que tudo não passa de invenção, paranoia ou uma histeria de sua cabeça.
Faz com que ela pense estar sempre equivocada e exagerando em suas proposições. E no meio desta confusão de sentimentos, muitas vezes, se fecha ou se cala, por acreditar que está mesmo errada e que o abusador está com a razão. E, de forma a reparar suas “falhas”, ela pode acabar entregando a ele sua capacidade de discernimento sobre os fatos e sobre sua vida de forma geral.
Insultos, agressões verbais, diminuições claras, depreciação, também são ingredientes que podem ser encontrados nessa rede do Gaslighting. E é aqui que começam os problemas e possíveis transtornos psicológicos.
Por ser complicado provar, já que dificilmente existe uma violência explícita, esse agressor se esconde atrás de uma vítima medrosa, sem energia, sem voz, confusa em suas palavras e atitudes, com uma autoestima destruída e que, é levada a pensar que a causa de tudo passa por ela.
A principal marca desse abuso psicológico é a alteração da percepção de realidade da vítima, que anula sua consciência e cria a negação de que vive em meio a uma atmosfera abusiva.
Essa violência é contínua. A sutilidade do caso aliado a um ciclo de repetição gera na vítima, dúvidas que a levam a sentir-se culpada e responsável pelo que está sofrendo. A ponto de achar que o agressor age desta forma, porque ela o provoca de alguma maneira.
Tudo se torna muito confuso aos seus olhos e seu entendimento e de quem sofre com essa violência, é acreditar, firmemente, que se está louco (a). Se confunde se está no papel de vítima ou de abusador (a).
Enfim, ao menor sinal de agressão psicológica, deve-se buscar ajuda profissional para trabalhar a autoestima, o amor próprio, sem medo da exposição. Resgatar a credibilidade, a autonomia e a liberdade de expressão, auxilia a vítima na construção de uma rotina mais harmônica, elevando a consciência mental com equilíbrio para romper o estigma que insiste em aprisionar e iludir, por meios de uma opressão sofrida, por conta da manipulação perversa e camuflada nos atos praticados por seu agressor.